quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A não perder! Sábado 5 de Fevereiro no Chá da Barra Villa

Sábado dia 5 de Fevereiro no Chá da Barra Villa no Palácio do Egipto pelas 21h30


«... Ignoro da justeza científica ou histórica do que afirmo. Entretanto sei que o actor ascende ao teatro accionando um corpo comunicante que o remete à ordem do ritual. ... Que o teatro ascende à teatralidade quando, num movimento de retorno, avança em direcção ao rito. Que há danças tribais, cânticos, desembainhar de sabres, brotando de um núcleo interno do corpo do actor - mesmo que desempenhe (realisticamente...) o papel de um burguês estúpido, instalado e presunçoso. ...»

O Teatro, a Vida, o Palco, o Palco da Vida. Texto, Literatura, Drama, Nós. Os Humanos, Homo Sapiens. Somos o que somos, criamos o que criamos.

Pretendemos, eu e o Eduardo, através do genial texto do Zé Maria, apresentar uma leitura dramática daquilo que foi escrito para ser treinado, ser ensaiado, ser posto, ser confirmado num qualquer local físico que dê azo ao palco.

Egipto é um óptimo local, até porque foi lá que se ergueram grandes e oníricas pirâmides.

A poesia dramática ou o teatro ou a arte na sua dimensão mais " Antonin Artaud", isto é, mais orgânica, mais físi(ológi)ca, por vezes mais decadente, surreal, mas simultâneamente demasiado racional, no sentido da abstracção mais impura (O Teatro e o seu Duplo), em que algum do Teatro do Absurdo se embriagou e em que muita da boa arte dramática posterior se envolveu: David Lynch, David Cronenberg, Arrabal, Anthony Hopkins, Boris Vian, Luis Buñuel, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Paula Rego, Rui Reininho, João Peste não necessariamente por esta ordem cron(enberg)ológica ou tipológica, mas obrigatoriamente esta (des)ordem de ideias, esta estética.

Claro que nunca poderemos esquecer tudo aquilo que está para trás. Exemplos? Charles Baudelaire, Jakob Michael Reinhold Lenz, mais, muito mais.

«...Quanto à Lulú, arribou cedo e depressa. Entre os mimos da tia e as partes do tio. Assim se chamava. Tem dezanove risonhas primaveras nem todas debochadas. Das brincadeiras a fingir de biberon até uns bons contos de rei por noite sem abrir as pernas foi um passo curto. Cursa medicina. Tem mão lesta, boca sábia... e média alta.»

No dia 5 de Fevereiro saiba mais, muito mais sobre o mesmo episódio: alguma esquizofrenia, alguma patologia bipolar, alguma dependência, alguma vulgaridade, enfim nós todos. A novela do costume sem o ser e muito mais directa.

«... Uma chaga aos gritos
eis o que se fez
em quebrar o tempo.

Que nos faz agora reagir à dor
enganar o frio
e ensombrar o medo?... »


Ernesto